Otávio Domingues (1941) iniciou sua nota sobre o “Carneiro deslanado de Morada Nova” com
o seguinte trecho: “Viajando em 1937, em missão oficial do Departamento Nacional de
Pesquisa Agropecuária verifiquei a ocorrência de um tipo étnico interessante, entre os ovinos
nativos do Nordeste, e que se caracteriza pela ausência de lã, de modo que os animais, ao
contrário dos de sua espécie, apresentam a pele coberta de pelo cabrum - grosseiro e curto.
Assim são criados para a produção de pele (exportada largamente) e para carne, in loco
consumida”
Para Otávio Domingues (1954), a raça Morada Nova descenderia diretamente dos carneiros
Bordaleiros de Portugal, trazidos para o Brasil na época da colonização e que, desde então,
teriam passado por um processo de seleção natural que resultou na ausência de lã. Já Mason
(1979), acreditava que estes animais teriam vindo da África, provavelmente na época do
tráfico de escravos. Figueiredo et al. (1980), baseado nas duas possibilidades, acreditava que
a raça resultou do cruzamento de ovinos Bordaleiros, vindos de Portugal, com ovinos
deslanados africanos, afirmando: enquanto pode haver sangue Bordaleiro no Morada Nova,
parece muito provável que o sangue africano seja predominante.
Com base nestes relatos e levando em consideração a ausência de qualquer maior controle
sobre a importação de animais e sobre os acasalamentos/cruzamentos nos rebanhos ovinos
do Brasil colonial, Facó et al. (2008) concluíram não ser prudente descartar qualquer das
possibilidades já mencionadas, sendo muito provável que a raça Morada Nova tenha
contribuições tanto de carneiros ibéricos quanto africanos.
Estudos mais recentes utilizando dados genômicos de mais de 80 raças ovinas ao redor do
mundo (PAIM et al., 2021; SPANGLER et al. 2017) sugerem uma possível origem na África
Ocidental (Argélia, Mali e Nigéria).
Aspecto Geral: Animais deslanados, mochos, de pelagem vermelha ou branca, com machos
adultos pesando de 40 a 60 Kg e fêmeas adultas variando de 30 a 50 Kg.
Cabeça: Larga, alongada, perfil sub-convexo, olhos amendoados, focinho curto bem
proporcionado, orelhas bem inseridas na base do crânio e terminando em ponta.
Pescoço: Bem inserido no tronco, com ou sem brincos.
Corpo: Linha dorso-lombar reta (admitindo-se ligeira proeminência de cernelha nas fêmeas),
cauda fina e média não passando dos jarretes e garupa curta com ligeira inclinação.
Membros: Finos, bem aprumados, cascos pequenos e escuros, sendo permissíveis cascos
claros.
Pelagem: De acordo com a variedade:
- Variedade Vermelha: Pelagem vermelha em suas diversas tonalidades, com cor mais clara
na região do períneo, bolsa escrotal, úbere e cabeça. A presença de sinais pretos não
desclassifica o animal, pele escura, espessa, elástica e recoberta de pelos curtos, finos e
ásperos, apresenta mucosa escura. São permissíveis mucosas e cascos claros, assim como
a cor branca em até 25% da porção distal da cauda (ponta da cauda).
- Variedade Branca: Pelagem branca, pele escura, espessa, elástica e resistente, sendo
permissíveis mucosas, cascos e pele claros.
- Variedade Preta: Pelagem preta, pele escura, espessa, elástica e recoberta de pelos curtos,
finos e ásperos, apresenta mucosa escura.
Aptidões: Ovelhas muito rústicas que se adaptam às regiões mais áridas e desempenha
importante função social fornecendo alimentos proteicos às populações rurais destas regiões.
Adaptação: Ovelhas muito rústicas que se adaptam às regiões mais áridas e desempenha
importante função social fornecendo alimentos proteicos às populações rurais destas regiões.
Defeitos: Pelagem atípica, descaracterizada.
- Manchas de qualquer cor sobre as pelagens branca, preta ou vermelha.
- Pelos atípicos.
- Mucosas despigmentadas (rosadas) nas variedades preta e vermelha.
- Pele excessivamente fina.
- Constituição débil.
- Má conformação e aprumos defeituosos.
- Presença de chifres.
- Barba e toalha (babeiro).
- Orelhas grandes e pendentes.
- Más formações bucais (prognatismo e retrognatismo).
- Lordose, cifose e escoliose.
- Cauda excessivamente grossa, curta ou mais de 25% de cor branca na variedade vermelha.
- Criptorquidia, monorquidia, hipoplasia ou acentuada assimetria testicular.
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